PRÓPOLIS VERDE : O ANTIBIÓTICO NATURAL,ANTI-FÚNGICO E ANTI-TUMORAL


Por sorte, existem casos em que a natureza entrega o remédio pronto, como a raríssima própolis verde, uma exclusividade nacional. Própolis verde só existe no Brasil porque só aqui existe a planta que fornece a matéria-prima usada pelas abelhas para produzir esse tipo especial de própolis. É a vassourinha-do-campo, chamada também de alecrim brasileiro, encontrada no nordeste do estado de São Paulo, na região de Franca, e também no sul do estado de Minas Gerais. Os cientistas conhecem bem o poder da própolis. A substância é produzida pelas abelhas com a resina que protege algumas plantas. Usada para vedar as frestas da colméia, ela funciona como um antibiótico natural e evita que a superlotação provoque infecções e epidemias entre os insetos. Criadores como Abdala Dagher Neto perceberam que as abelhas que produzem própolis verde têm colméias muito mais saudáveis. Abdala revela o trabalho frenético dos insetos. O mel escorre do favo como ouro líquido, mas a verdadeira riqueza é outra. “A própolis está no coletor, onde estão todas as substâncias interessantes para o uso do ser humano”, explica o apicultor. Tão interessante que a própolis brasileira é disputada por importadores internacionais, especialmente na Ásia, para consumo direto e para a produção de medicamentos. E pensar que, não faz muito tempo, os produtores jogavam tudo isso fora. “Própolis dá mais dinheiro que mel. Nossa média nacional fica em torno de 50 quilos de mel e dois quilos de própolis por ano. A quantidade é muito menor, mas o valor agregado é maior. Dependendo da qualidade do própolis, um quilo pode custar até R$ 140”, revela o apicultor. Empresas japonesas já descobriram que a própolis verde contém ácidos muito eficientes na prevenção e tratamento do câncer. No Brasil, o antibiótico das abelhas também é estudado. A farmacêutica Raquel Jamil, da Universidade de Franca, confirmou que a própolis verde é mais poderosa que as outras variedades. Conseqüência da origem da resina: a vassourinha-do-campo, planta chamada pelos cientistas de Baccharis dracunculifolia. “Essa própolis tem princípios ativos muito valorizados. Eu pesquisei e encontrei os três princípios ativos dela na própolis. Eu obtive resultados excelentes contra bactérias gran-positivas e gran-negativas. Ela é eficiente. Se tivermos a presença de organismos patogênicos, ela vai destrui-los”, explica a pesquisadora.


Fonte:http://grep.globo.com/Globoreporter/

O potencial da própolis verde
O Brasil produz uma própolis que vai para o mundo inteiro. O Japão, por exemplo, é um dos destinos mais comuns deste produto com reconhecidas propriedades medicinais. O clima e a flora do Brasil contribuem para a sua qualidade e foi com o objetivo de conhecer melhor a composição da própolis verde produzida em Minas Gerais que a bióloga Esther Bastos, da Fundação Ezequiel Dias, iniciou um trabalho de pesquisa há alguns anos.

Tema de uma reportagem na Minas Faz Ciência nº 9, o trabalho partiu de uma análise das plantas presentes na composição da própolis. Após buscar essas espécies na natureza e analisá-las em laboratório, foi elaborado um estudo anatômico detalhado que comparava os fragmentos vegetais encontrados na própolis. “Todos os fragmentos vegetais que se encontravam na própolis verde estavam também no alecrim (Baccharis dracunculifolia). Por isso, direcionei a pesquisa para o alecrim do campo”, explica a pesquisadora Esther Bastos.  


Quase toda a própolis de Minas Gerais é verde e originária do alecrim do campo.

As observações das plantas eram feitas duas vezes por semana, no horário mais quente do dia, das 10h30  às 15h, período em que as abelhas trabalham com a resina e a coletam. Após três anos de trabalho, descobriu-se que quase toda a própolis de Minas Gerais era verde e originada do alecrim do campo. O trabalho mostrou, também, que as abelhas reconheciam, instintivamente, as propriedades de algumas plantas.

Essa pesquisa motivou uma nova investigação que tem como objetivo descobrir uma indicação da origem geográfica da própolis verde, relacionando a presença de herbívoros que atacam esta planta, além da ligação destes com a produção e excreção de uma substância de defesa pela planta. Essa substância é o que as abelhas buscam para produzir a própolis, por isso a importância deste estudo. A equipe quer saber as características reais dos solos onde se encontra a matéria-prima para produção da própolis, os indicadores climáticos, os teores de substância de defesa produzidos pelas plantas em cada região, as qualidades da própolis, o modo de produção, entre outras variáveis. Ao fim, espera-se conseguir relacionar a qualidade e as características do produto com o meio geográfico.

Benefícios
A própolis (do grego pro = defesa e polis = cidade) é conhecida pelas suas propriedades terapêuticas. Uma das ações mais conhecidas é a antiinflamatória. “Na verdade, não é nem ação antiinflamatória, é antimicrobiana: a própolis mata as bactérias. Usar a própolis quando se inicia a dor de garganta é o recomendado, assim ela irá combater as bactérias. Por outro lado, se a pessoa já apresenta a dor, o resultado vai demorar mais”, explica a bióloga. A própolis atua contra fungos, possui atividade antitumoral, conserva alimentos (propriedade antioxidante), previne a cárie e o envelhecimento. “Os japoneses adoram nossa própolis por isso, eles buscam saúde em tudo.”

No futuro, esses estudos podem resultar em produtos farmacológicos à base de própolis. Um exemplo são os produtos que estão sendo desenvolvidos experimentalmente pela Funed, em parceria com as diretorias de Pesquisa e Industrial desta instituição, a Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e a Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ao utilizar a própolis verde na elaboração de gel para servir no tratamento de “candidíase atrófica crônica” e anti-séptico bucal para “periimplantados”. Os resultados obtidos foram bons, sem efeitos colaterais e de valor abaixo dos produtos comerciais.


Fonte:Revista Minas Faz Ciência Nº 31 (Set a Nov de 2007)

A força da própolis verde

Composta da mistura de substâncias colhidas das árvores, do pólen e das secreções das próprias abelhas, a própolis é produzida por elas para proteção. "É um produto natural que os insetos usam na colmeia para se defender contra micro-organismos. E a gente fez dele exatamente o mesmo, ou seja, um medicamento para nos defendermos”, ensina a pesquisadora Esther Margarida Bastos. Bióloga, entomologista e especialista em abelhas, Esther tem nos produtos de abelha sua linha de pesquisa, desenvolvida no Laboratório de Serviços de Recursos Vegetais e Opoterápicos da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte. “Opoterápicos são os produtos que vêm de animais", esclarece a pesquisadora.

Foi nesse laboratório e sob coordenação de Esther, ao lado de mais três pesquisadores, que foram desenvolvidos, a partir de diversos experimentos, dois produtos: um gel e um enxaguante bucal (antisséptico) à base de própolis, que já foram patenteados e estão prontos para serem oferecidos em larga escala. Os produtos naturais têm como objetivo atuar no combate de alguns males bucais, como a candidíase atrófica crônica. “A candidíase é a cândida mesmo (causada geralmente pelo fungo Candida albicans), que acomete, em geral, quem usa prótese total na boca, muitas vezes em consequência da má higienização. O paciente fica com a boca completamente cheia de cândida, com umas bolinhas brancas, muito similares às aftas. Então, a ideia é indicar o gel à base de própolis, que é muito eficaz, pois atua como antibiótico e tem a vantagem de ser um produto natural", explica Esther Bastos.

Atualmente, esses pacientes são tratados com um gel à base de miconazol, um antifúngico. Já o enxaguante bucal é indicado para quem vai realizar um implante dentário. Atualmente, antes do tratamento, os pacientes usam, durante 14 dias, um líquido à base de clorexidina. Em um teste comparativo, a equipe de Esther constatou que a eficácia do produto feito com própolis é a mesma, além de evitar os efeitos colaterais do produto usado atualmente. "A clorexidina amarela os dentes e o enxaguante não”, garante.

Além dos efeitos práticos, e já comprovadamente eficaz, a própolis tem, naturalmente, uma ação contra fungos. "Ela oferece atividade antitumoral e evita fungos. Cândida e cárie, por exemplo, são causadas por fungos”, ensina a bióloga. A pesquisa durou três anos e passou por duas etapas, sendo a primeira de experimentos em laboratório. "Fizemos vários testes para saber qual a concentração ideal de própolis de que precisávamos. O produto era recebido bruto, passava por formulações para diluição e, por fim, foi encontrada a concentração mínima necessária para introduzir no medicamento. No caso do gel, fizemos toda a diluição pensando no efeito sobre a cândida”, detalha a bióloga.

Passada a fase de testes, o produto chegou ao teste clínico. Nessa etapa, foram selecionados pacientes em clínicas odontológicas que fizeram a higienização com o gel da própolis em vez do miconazol. Efeito positivo comprovado empiricamente, assim como os testes com o enxaguante. As pesquisas foram realizadas em parceria com as faculdades de odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

MIL E UMA UTILIDADES Além de naturais e sem contraindicações, já elaborados, testados e aprovados, o gel e o enxaguante bucal criados pela equipe da Funed têm ainda outra vantagem: são mais baratos para serem produzidos em larga escala. Nesse caso, fica a pergunta: será que interessa à indústria esse tipo de produção? "Como é um produto natural, interessa. E nós temos o objetivo de produzi-los para o Sistema Único de Saúde (SUS), que atende a população com problemas bucais, de implantes e até mesmo os imunossuprimidos, que geralmente sofrem muito com a cândida na boca”, acrescenta Esther Bastos. 

Mais que isso, a solução pode ter ainda outras variações. "É uma fórmula para a boca, mas é possível mexer na concentração e transformá-la, por exemplo, em um creme vaginal”, diz a coordenadora da pesquisa. Mas, por enquanto, esse tipo de teste ainda não foi realizado. 

Própolis verde

Composta de resinas vegetais e óleos essenciais, cera de abelha e pólen, o que diferencia um tipo de própolis do outro é exatamente a origem botânica, além da espécie da abelha. A própolis verde vem do alecrim-do-campo. É dessa planta que saem as substâncias que a qualificam. Em Minas Gerais, 102 municípios produzem 20 toneladas do produto por ano, de acordo com a Cooperativa Nacional de Apicultura (Conap). O diferencial da própolis verde produzida em terras mineiras está na presença do artepelin-C, que ajuda a combater o câncer. Sem nada que afete sua reputação ao longo de milhares de anos, independentemente da origem botânica, a própolis sempre foi usada, em várias soluções de saúde, como gripes e dores de garganta, desde civilizações antigas. “Desde o Egito antigo”, reforça a pesquisadora Esther Bastos.

Notoriedade mundial

Os testes foram feitos, os produtos patenteados e a intenção dos pesquisadores é colocá-los à disposição do SUS. Mas, de forma prática, o que isso pode afetar nosso dia a dia? Para Esther Margarida Bastos é importante ressaltar que a própolis usada nessa composição desenvolvida na Funed é a verde, típica de Minas Gerais. A própolis verde, de acordo com a bióloga, foi muito estudada, tem notoriedade mundial, atividade biológica e potencialidades reconhecidas. Outra curiosidade é que, de acordo com o último resultado da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, do Ministério da Saúde, publicada em 2010, próteses dentais são muito demandadas nos serviços odontológicos, tanto os públicos quanto os privados.

Números

13% dos adolescentes avaliados necessitam de próteses parciais em um maxilar

69% é a porcentagem de adultos entrevistados que necessitam de algum tipo de prótese

41% dos casos entre adultos são relativos à prótese parcial em um maxilar

Fonte: Jornal Estado de Minas

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