VANDANA SHIVA – O FIM DA FOME É POSSÍVEL


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VANDANA SHIVA – O FIM DA FOME É POSSÍVEL



Vandana Shiva, indiana, 60 anos, física, ecofeminista e ativista ambiental. Por aí você já pode imaginar a coragem.

Ficou conhecida por fomentar o Movimento das Mulheres de Chipko, que adotaram a tática de se amarrar às árvores para impedir sua derrubada e o despejo de lixo atômico na região.
Shiva é uma das líderes do International Forum on Globalization. Em 1993 ganhou o Right Livelihood Award, considerado uma versão alternativa do Prêmio Nobel da Paz.
É diretora da Research Foundation for Science, Technology, and Ecology, em Nova Déli, segundo ela "um nome muito longo para um objetivo muito humilde, que é o de colocar a pesquisa efetivamente a serviço dos movimentos populares e rurais, e não apenas fazer de conta que estamos ajudando-os".
Shiva é autora de inúmeros livros, entre os quais The Violence of the Green Revolution (1992), Stolen Harvest: The Hijacking of the Global Food Supply (2000), Biopirataria: a pilhagem da natureza e do conhecimento (Vozes, 2001), Protect or Plunder? Understanding Intellectual Property Rights (2002), Monoculturas da mente (Global, 2004), Guerras por água (Radical Livros, 2006).
Destaca-se por:
  • fomentar o movimento anti-globalização
  • é consultora para questões ambientais da Third World Network
  • luta em favor das sementes como patrimônio da humanidade
  • dirigir programas sobre biodiversidade dirigidos a diferentes coletividades
  • promover pesquisas para o desenvolvimento de uma nova estrutura legal para os direitos de propriedade coletivos, como alternativa para os sistemas de direitos de propriedade intelectual atualmente em vigor (biopirataria)
shiva-2É considerada a inimiga número um da indústria de transgênicos. Afirma que há uma ditadura do alimento, onde poucas e grandes corporações controlam toda a cadeia produtiva. E dá nome aos bois: Nestlé, Cargil, Monsanto, Pepsico e Walmart. "Essas empresas querem se apropriar da alimentação humana e da evolução das sementes, que são um patrimônio da humanidade e resultado de milhões de anos de evolução das espécies".
Shiva é uma crítica feroz à biopirataria.
Ressalta que a única maneira de combater o controle sobre a alimentação é o ativismo individual na hora de consumir produtos mais saudáveis e de melhor qualidade.
Aliás, único modo de alimentar o mundo é livrando-se das sementes transgênicas. Essas sementes não produzem alimentos, mas produtos industrializados. Como isso poderia ser a solução para fome? Só estão criando mais controle sobre as sementes. Desde 1995, quando as corporações obtiveram o direito de controlar as sementes, 284 mil fazendeiros cometeram suicídio na Índia. Nós perdemos 15 milhões de agricultores por causa de um design de produção agrária criado para acabar com a agricultura familiar.
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À nível mundial, as pequenas fazendas produzem 80% dos alimentos comidos no mundo. As indústrias produzem commodities. Apenas 10% dos grãos de milho e soja são comidos por pessoas; o resto é 'comido' pelos carros, como biocombustíveis, e por animais. É possível elevar esses 80% para 100% protegendo a biodiversidade, a terra, os fazendeiros e a saúde pública. É apenas por meio da agroecologia que a produtividade agrícola pode aumentar.
Uma cadeia de produção alimentar insana que provoca a perda de 50% dos alimentos. As sementes são controladas pela Monsanto por meio dos transgênicos; o comércio internacional é controlado por cinco empresas gigantes; o processamento é controlado por outras cinco, como a Nestlé e a PepsiCo; e o varejo está nas mãos de gigantes como o Walmart, que gosta de tirar o varejo dos pequenos comércios comunitários e com conexões muito diretas entre os produtores de comida e os consumidores. São correntes longas e invisíveis, onde 50% dos alimentos são perdidos.
Temos sim uma ditadura do alimento. E uma ditadura do alimento não é só uma ditadura. É o fim da vida.
Os Direitos "Intelectuais" – a Biopirataria
Aqui as grandes corporações ditam as regras – no caso, a Monsanto. Para eles, o problema era que os fazendeiros estavam guardando as sementes. E a solução que ofereceram foi dizer que guardar as sementes agora é um crime de propriedade intelectual. É isso o que dizem as regras da OMC. A Índia, o Brasil, a América Latina e a África deveriam dizer exigir o fim da biopirataria, mas até agora, a revisão dessas regras não foi permitida, o que mostra que essas corporações ditam as regras. E não é apenas na OMC. A Monsanto escreveu o ato de proteção para o orçamento nos EUA. O vice-presidente da Cargil foi designado para escrever a lei de comércio e agricultura dos EUA.
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Saiba que a única maneira de reverter essa situação é cada pessoa fazer seu papel de recuperar a liberdade e a democracia do alimento. Afinal, cada um de nós come duas ou três vezes ao dia. E o que nós comemos decide quem somos, se nosso cérebro está funcionando corretamente, ou nosso metabolismo está saudável ou, se por conta de micronutrientes, estamos nos tornando obesos. Isso afeta todo mundo: os mais pobres porque lhes foi negado o direito à comida; mas até os que podem comer porque não estão comendo comida. Chamo isso de anticomida, porque a comida deveria nos nutrir. A comida mortal que as corporações estão trazendo para nós destrói a capacidade da comida de nos nutrir e no lugar disso está nos causando doenças. Devemos ser comprometidos com a alimentação saudável.
E o Brasil tem sido palco do que há de mais estressante nesta luta. De um lado, está uma agricultura altamente destrutiva e irresponsável, mantida pelas corporações, levando transgênicos, produtos químicos e piorando a fome. Do outro lado, está o modelo agroecológico, caracterizado pela diversidade, conhecimento popular, o melhor da ciência, e levando efetivamente comida às pessoas. O Brasil é rico quanto à sua biodiversidade e, no entanto, a maior parte não é usada para a alimentação humana. Por exemplo, as plantações de cana-de-açúcar e soja vão para a alimentação de animais e para fabricação de combustíveis.
Mas pense, o Brasil é um grande "jogador" global. Está nas mãos dele decidir como os outros jogam. Se houver interesse, é claro.
E o Livre Comércio?
Um verdadeiro livre comércio seria a liberdade para as pessoas e não a liberdade para as corporações. O que nós temos agora é uma corporatização global com uma negligência total, uma destruição negligente e desatenta. O que precisamos é uma consciência livre que esteja profundamente ciente de nossa interconexão com outras espécies, outras culturas e com toda a humanidade. E, na alimentação, a única forma é de mudar de agroindústria para agroecologia, mudar da distribuição global para distribuição local, mudar de um sistema violento, que depende do governo corporativo, para um sistema pacífico, que depende da comunidade e da solidariedade.
Fonte Principal da Pesquisa

Fonte:http://www.redeaquarius.com/index.php/artigos/1110-vandana-shiva-o-fim-da-fome-e-possivel

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